Descrição
O povo Krahô, semi nômades, foram pressionados pelo avanço das fazendas de gado no Maranhão e foram se deslocando mais para o sul e a nordeste do hoje atual estado do TO. Após sucessivos conflitos nessa trajetória, na década de 40, o governo federal demarcou seu território atual, localizado nos municípios de Itacajá e Goiatins, totalizando 302 mil hectares. Foram estimulados pelo Serviço de Proteção ao Índio – SPI, a fazerem grandes roças coletivas de arroz, o que impactou em seus sistemas locais de conservação de sementes e segurança alimentar, pois perderam diversas variedades agrícolas tradicionais. Com toda a história de deslocamentos, contatos inter-étnicos , pressão de cidades circunvizinhas, percebe- se que o povo Krahô tem uma forte identidade cultural. Totalizam atualmente cerca de 3000 pessoas, vivendo em 30 aldeias. Visando identificar os fatores responsáveis pela resistência cultural do povo Krahô, foram estudados aspectos de interações entre a agricultura, organização social, Cultural na Aldeia Pedra Branca, por ser a mais expressiva em termos de números de habitantes, 518, e por estar localizada mais próxima da cidade, também por ser uma das mais antigas. Para tanto , foram realizadas duas viagens, nas quais ocorreram 11 Diálogos semi- estruturados, 3 oficinas de desenhos de roça, visitas a 5 quintais e 3 roças. Afim de conhecer o olhar sobre o Krahô, na frente histórica e pessoal, foi feito um Diálogo semi estruturado com Fernando Schiavinni, indigenista da Funai, aposentado. A dinâmica dos trabalhos, obedeceu a disponibilidade do agricultor, o tempo e o assunto do seu agrado , dentro dos aspectos do tema da pesquisa. Foi verificado que, a lógica de plantio dos agricultores da Pedra Branca, tem nos estratos das plantas, no distanciamento, nos intervalos de plantios, como também nas plantas companheiras e antagônicas, sua arquitetura principal, na qual observa-se o equilíbrio ecológico. Os jejuns, restrições alimentares, as luas, os cantos, realizados para, e no plantio são aspectos sutis desse equilíbrio. Fatores da organização social da Aldeia, como as trocas de governo, inverno, verão(Katamejê , Wakmejê) tem na roça sua simbologia, como também as práticas culturais. Nas interações, da agricultura, com a sociedade e cultura, foram encontrados os pilares que respondem pela resiliência cultural desse povo.